
A Polícia Civil deflagrou, nesta quinta-feira (7 de agosto), a Operação Desfortuna no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, que tem como alvos principais influenciadores digitais suspeitos de promoverem jogos de azar ilegais na internet, incluindo o popular jogo Fortune Tiger, conhecido como "jogo o Tigrinho", um tipo de caça-níquel. Entre os envolvidos estão nomes conhecidos nas redes sociais como Bia Miranda, Buarque, Maumau, e as gêmeas Paulina e Paola de Ataíde, que somam mais de 35 milhões de seguidores no Instagram e TikTok.
De acordo com o delegado Renan Mello, da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), os investigados usavam seus perfis para divulgar cassinos online ilegais, o que configura crime contra a economia popular e publicidade enganosa.
“Eles estavam usando as suas redes, com seus milhões de seguidores, para promover jogos de azar e cassinos online”, afirmou o delegado Renan Mello. “Importante pontuar que a gente não está falando de casas de apostas esportivas, as bets. Eles estavam divulgando os caça-níqueis on-line, e o mais famoso deles no Brasil é o Tigrinho”, destacou.
Além dos influenciadores, fintechs utilizadas para movimentação de dinheiro também são investigadas, com quebra de sigilo fiscal autorizada pela Justiça.
Prisão em flagrante e busca em três estados
Durante o cumprimento de 31 mandados de busca e apreensão, o influenciador Maumau foi preso em flagrante em sua residência, em São Paulo, após a polícia encontrar uma arma de fogo irregular.
As investigações ainda apontam indícios de estelionato digital e lavagem de dinheiro envolvendo as transações ligadas à divulgação dos jogos não regulamentados.
O que é o “Jogo do Tigrinho” e por que é controverso?
O Fortune Tiger (conhecido como “Jogo do Tigrinho”) é um tipo de slot game, ou caça-níquel digital, desenvolvido pela empresa maltesa PG Soft e disponível em diversas plataformas de apostas online. É importante destacar que nem todo jogo do Tigrinho é ilegal. Algumas casas de apostas regulamentadas no Brasil, como a EstrelaBet, oferecem o Fortune Tiger dentro do seu portfólio. Essas plataformas operam sob autorização oficial, seguindo normas previstas em lei, como a Lei 14.790/2023, que exige certificação, transparência nos mecanismos de jogo e divulgação responsável
Já os influenciadores alvos de operações como a Desfortuna, teriam sido contratados para promover versões da plataforma não regulamentadas, hospedadas em ambientes clandestinos. Essas plataformas ilegais são acusadas de simular ganhos falsos — por exemplo, usando contas demo manipuladas, que aparentemente garantem prêmios, mas que não refletem ganhos reais.
Desde 2024, o envolvimento de influenciadores em esquemas de promoção de plataformas de apostas ilegais tem sido alvo de diversas operações policiais e políticas no Brasil. A Operação Game Over, conduzida pela Polícia Civil de Alagoas, revelou que casas clandestinas e influenciadores usavam contas “demo” manipuladas, simulando superganhos em proveito próprio — enquanto os usuários comuns perdiam constantemente, caracterizando estelionato e fraude financeira. Já a Operação Integration, deflagrada pela Polícia Federal em setembro de 2024, alcançou um esquema milionário de lavagem de dinheiro (cerca de R$ 3 bilhões), envolvendo nomes como Deolane Bezerra e Gusttavo Lima. Por fim, a CPI das Bets, instalada em novembro de 2024 pelo Senado, expôs cláusulas contratuais que previam comissões de até 30% sobre as perdas dos seguidores, a chamada “desgraça alheia”, reforçando a existência de modelos de negócio baseados na exploração das perdas dos apostadores.
Por que a diferença entre legal e ilegal importa — e o que está em jogo
Casas regulamentadas pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Governo Federal seguem os requisitos legais e regulatórios, assegurando que jogos como o Fortune Tiger sejam auditáveis, com divulgação clara dos riscos e limites do jogo responsável.
Em contraste, plataformas não regulamentadas exploram a credibilidade de influenciadores para atrair apostas, muitas vezes por meio de simulações e ganhos falsos, induzindo o público ao erro e ganhando comissões sobre as perdas dos usuários.
Esse cenário torna essencial que plataformas legítimas sejam destacadas, enquanto as práticas fraudulentas — como simulação de lucros e esquema de promoção por meio de contas “viciadas” em ganhar — sejam investigadas e combatidas.
Para acessar a lista das casas regulamentadas, clique aqui.
Fonte: G1