
A Receita Federal divulgou que o governo federal arrecadou R$ 5,62 bilhões com o setor de jogos e apostas entre janeiro e agosto de 2025. O valor reflete os impactos da regulamentação das apostas esportivas e jogos online, em vigor desde 1º de janeiro, e já representa uma nova e significativa fonte de receita tributária para o país.
A arrecadação inclui tributos diversos pagos pelas empresas do setor, como Imposto de Renda, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), PIS/Cofins e contribuição previdenciária.
Receita Federal esclarece composição do montante
Durante a apresentação do balanço tributário, o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Laudemir Malaquias, explicou que os R$ 5,62 bilhões representam a arrecadação total do segmento, e não apenas os tributos incidentes sobre apostas de quota fixa:
“Tivemos a inovação legislativa com a regulamentação da exploração de jogos de azar e apostas. Esse valor inclui todos os tributos pagos por empresas do setor, que operam como qualquer outra empresa, recolhendo IR, CSLL e outras contribuições. Não se trata apenas da arrecadação específica das apostas de cota fixa prevista na Lei 14.790/23”, destacou Malaquias.
Apostas já movimentam bilhões no país
Segundo os dados da Receita Federal, o setor de apostas esportivas e jogos online apresentou um Gross Gaming Revenue (GGR) — receita bruta dos jogos — de R$ 17,4 bilhões no primeiro semestre de 2025.
Nesse período, cada apostador ativo gastou, em média, R$ 983, o que equivale a cerca de R$ 164 por mês.
Ainda no primeiro semestre, a arrecadação diretamente proveniente das empresas de apostas foi de aproximadamente R$ 3,8 bilhões, considerando todos os tributos federais. Além disso, os 12% destinados a áreas sociais, conforme determinado pela regulamentação, somaram R$ 2,14 bilhões.
A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) também arrecadou cerca de R$ 2,2 bilhões em taxas de outorga pagas pelos operadores, além de aproximadamente R$ 50 milhões em taxas de fiscalização.
Nova alíquota aumenta arrecadação em 50%
Em junho, o governo federal editou uma medida provisória (MP) que aumentou a alíquota sobre o GGR de 12% para 18%, representando um acréscimo de 50% na carga tributária específica sobre as bets.
O relator da MP, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), confirmou que manterá o aumento da tributação em seu parecer, assim como a elevação da CSLL para fintechs — de 9% para 15%. A medida provisória tem validade até 8 de outubro de 2025.
A expectativa da equipe econômica é arrecadar R$ 1,98 bilhão até o final de 2026 com a nova alíquota. Desse total, R$ 285 milhões devem entrar nos cofres públicos ainda em 2025, e R$ 1,7 bilhão está previsto para o próximo ano.
Setor de apostas já é relevante para o caixa do governo
Com um mercado regulado e em expansão, o setor de apostas no Brasil já demonstra sua capacidade de gerar receita significativa para a União. O crescimento da arrecadação, a formalização das empresas e o aumento da tributação sinalizam que o setor terá papel cada vez mais relevante nas contas públicas nos próximos anos.
Para os apostadores e operadores, o novo cenário exige mais atenção às regras, tributações e práticas responsáveis. Já para o governo, o desafio será manter um equilíbrio entre a arrecadação e o controle eficaz da atividade, evitando excessos e estimulando um ambiente de apostas mais seguro e transparente.