
Ao contrário do que muitos críticos afirmam, pesquisas internacionais mostram que a legalização e regulamentação de jogos de azar, incluindo cassinos e apostas esportivas, pode ajudar a reduzir os casos de vícios, conhecidos pelo termo ludopatia.
Essa conclusão é sustentada por dados de países como Cingapura, Austrália e Estados Unidos, onde medidas de regulação foram acompanhadas por uma queda no número de pessoas com comportamento patológico relacionado ao jogo.
O que dizem os estudos?
Um editorial do portal asiático Inside Asian Gaming, assinado por Ben Blaschke, destaca que a introdução de cassinos regulamentados em mercados anteriormente dominados pelo jogo ilegal está associada à diminuição nas taxas de dependência.
Blaschke argumenta que opositores à legalização dos jogos – especialmente setores religiosos e conservadores – muitas vezes distorcem os dados e criam uma narrativa de que o jogo regulamentado aumentaria os problemas sociais. No entanto, pesquisas científicas apontam o oposto.
Caso real: Minnesota (EUA)
Um estudo conduzido ao longo de duas décadas em Minnesota, nos Estados Unidos, acompanhou cerca de 79 mil estudantes do ensino médio. Durante esse período, cassinos foram legalizados no estado. O resultado? As taxas de jogo entre jovens diminuíram.
Essa pesquisa foi liderada por especialistas como o Dr. Marc Potenza, referência internacional em vício em jogos. Segundo os estudiosos, o motivo dessa queda está nas medidas de proteção que são implementadas em ambientes regulamentados, como práticas de educação e prevenção, algo que não existe no mercado ilegal.
Por que a regulamentação funciona?
A regulamentação do jogo permite que governos e empresas:
Implementem programas de educação e prevenção;
Criem sistemas de alerta para identificar jogadores em risco;
Ofereçam apoio psicológico e tratamento para quem desenvolve problemas;
Fiscalizem a atuação das empresas para garantir o jogo responsável.
Esses mecanismos são inexistentes no mercado ilegal, onde o objetivo é puramente financeiro, sem qualquer preocupação com o bem-estar dos jogadores.
Exemplos internacionais
Cingapura
Em Cingapura, onde cassinos foram introduzidos em 2005, o modelo de regulamentação foi acompanhado por fortes salvaguardas sociais. George Tanasijevich, ex-CEO da Marina Bay Sands, reconheceu que os dados surpreendem: “É contraintuitivo imaginar que a legalização dos cassinos possa reduzir os problemas com jogo, mas quando você analisa de perto, faz sentido. Essa é uma das indústrias mais reguladas do mundo.”
Austrália
Na Austrália, um exemplo mostra o efeito reverso de uma proibição mal planejada. A tentativa de restringir as apostas esportivas ao vivo em plataformas online regulamentadas levou muitos jogadores a migrar para sites offshore ilegais – mais arriscados e sem qualquer tipo de controle ou proteção ao consumidor.
Uma revisão governamental feita em 2016 já alertava que retirar essas restrições poderia ser uma solução mais eficaz e segura.
Regulamentar é proteger
Os principais beneficiados por uma regulamentação eficaz são:
Jogadores vulneráveis, que passam a contar com apoio e proteção;
A sociedade, que vê a redução de impactos sociais negativos;
O próprio governo, que pode arrecadar impostos e investir em programas de prevenção.
Além disso, os especialistas alertam que proibir o jogo não elimina o problema, apenas o empurra para a clandestinidade, onde os riscos são muito maiores.
Embora cada país tenha suas particularidades culturais e sociais, a evidência internacional aponta para um caminho claro: regulamentar o jogo é mais eficaz do que proibir. A criação de ambientes legais, fiscalizados e responsáveis oferece mais segurança aos jogadores e melhores resultados para a sociedade.